Um novo capítulo na história do surfe brasileiro será celebrado no domingo (8), com a oficialização da Praia do Moçambique como Reserva Nacional de Surf. O anúncio, marcado para o Dia Mundial dos Oceanos, reconhece os esforços da comunidade local, ONGs e entidades esportivas em preservar esse patrimônio natural de Florianópolis.
A nomeação inclui o Moçambique no seleto grupo de praias consideradas estratégicas para a preservação ambiental e para a cultura surfista. Com isso, o local passa a ter prioridade em ações de conservação costeira e investimentos em educação ambiental e esportiva.

Critérios técnicos garantem título ao Moçambique
Foram quatro os critérios atendidos pela Praia do Moçambique: excelência das ondas, importância cultural, valor ecológico e participação comunitária. O Instituto Save Planet, em parceria com a Fesporte e associações locais, liderou o processo de validação técnica e institucional.
A análise envolveu estudos oceanográficos, dados sobre biodiversidade marinha e mapeamentos socioambientais que comprovaram o equilíbrio entre presença humana e preservação natural. Esse rigor científico elevou o processo de certificação a um novo patamar de credibilidade e transparência.
Papel do surfe na proteção dos ecossistemas costeiros
Não se trata apenas de ondas: trata-se de um modo de vida. O surfe, em sua essência, conecta o praticante ao ritmo do mar, aos ventos e aos ciclos naturais. Por isso, as Reservas Nacionais de Surf têm se mostrado instrumentos eficazes para promover educação ambiental e frear a especulação imobiliária desordenada.
Nas regiões com esse status, observa-se maior fiscalização, controle de acesso e fomento a projetos de turismo consciente. Ao proteger as ondas, protege-se também o ecossistema ao redor, mantendo a integridade dos habitats naturais, especialmente os recifes costeiros e as restingas.
Mobilização comunitária influencia decisão final
A certificação da Praia do Moçambique não teria se concretizado sem a intensa participação da população local. Reuniões com órgãos públicos, campanhas educativas e projetos ambientais integraram moradores e surfistas em uma causa comum. O senso de pertencimento comunitário emergiu como um diferencial importante.
A atuação da Associação Surf Sem Fronteiras e da Associação de Surf do Moçambique garantiu representatividade ao movimento, conferindo força social e política à reivindicação. O envolvimento dos jovens, por meio de oficinas e mutirões, reforçou o impacto educativo da iniciativa.
Fesporte valoriza o esporte aliado ao meio ambiente
Durante o encontro que antecedeu a oficialização do título, a Fesporte celebrou o feito como uma conquista coletiva. Para o presidente Jeferson Batista, o Moçambique “é símbolo de como o esporte pode ser ferramenta de preservação e transformação social”. A frase resume a relevância dessa vitória para o surfe catarinense.
A entidade deverá colaborar com ações que envolvam atletas, escolas públicas e universidades em atividades esportivas ligadas à conscientização ecológica. A Reserva, portanto, transcende o campo do esporte e passa a ser um espaço de cidadania, cultura e resistência ambiental.
Potencial turístico sustentável é ampliado com o título
Com a chancela nacional, a Praia do Moçambique ganha novo protagonismo no mapa turístico. Espera-se aumento no fluxo de visitantes interessados em ecoturismo, trilhas e experiências de conexão com a natureza. Diferente do turismo de massa, a nova perspectiva prioriza o equilíbrio entre lazer e conservação.
Segundo projeções de especialistas em economia do meio ambiente, áreas com status de reserva costumam atrair investimentos verdes e parcerias institucionais de longo prazo. Isso pode gerar emprego, renda e inovação local, com foco na valorização do território sem descaracterizá-lo.