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Queima de cabos mostra limite do combate ao crime urbano

Mais um caso de furto de fios foi registrado na madrugada de segunda-feira em Florianópolis, dessa vez no bairro Estreito. A Guarda Municipal identificou e prendeu um homem com mandado de prisão em aberto, conhecido por reincidência nesse tipo de crime.

Ainda assim, a atuação policial tem parecido insuficiente. A cada noite, trechos como a Via Expressa e pontos próximos aos terminais urbanos sofrem com novas tentativas. Os cabos são levados, queimados e vendidos, em um ciclo alimentado pela vulnerabilidade e pelo vício.

Criminalidade alimentada pela exclusão social

Diferente de furtos planejados, os crimes envolvendo cabos elétricos costumam ser executados por pessoas em extrema situação de exclusão. Usuários de crack, moradores de rua e desempregados enxergam no cobre uma forma rápida de obter algum valor. Pouco importa o dano causado, desde que o metal renda o suficiente para alimentar o vício ou garantir a próxima refeição.

Queima de cabos mostra limite do combate ao crime urbano
Furtos de fiação e queima de cabos desafiam poder público em Florianópolis

O problema escancara um desequilíbrio estrutural: sem políticas de acolhimento, tratamento de dependência ou geração de renda, o crime vira ferramenta de sobrevivência. As rondas da Guarda contêm parte dos danos, mas não alteram as causas.

A fiação roubada vira lucro em segundos

Depois de furtado, o material segue quase sempre para ferros-velhos ou atravessadores. Ao ser queimado, o fio perde a proteção plástica e fica pronto para ser pesado. O cobre puro atrai comerciantes que evitam questionar a origem da mercadoria. Ainda que parte desses locais funcione de forma legal, muitos operam à margem das leis municipais.

Laudos técnicos do Instituto Geral de Perícias indicam que, após queimado, o cobre perde rastreabilidade e torna impossível comprovar sua procedência. Essa brecha jurídica favorece o tráfico de materiais furtados.

Infraestrutura urbana em risco constante

Cada fio arrancado representa mais do que um crime patrimonial. Compromete linhas de ônibus, semáforos, postes de iluminação pública e redes de internet. No caso da Via Expressa, onde há grande fluxo de veículos, a falta de iluminação aumenta o risco de acidentes e assaltos.

Dados da Celesc e da Guarda Municipal mostram que os mesmos locais costumam ser alvos frequentes. A repetição demonstra a dificuldade em proteger estruturas urbanas de forma eficaz, especialmente à noite.

Reincidência desafia o sistema judicial

A prisão de infratores não tem gerado resultados práticos. Pessoas como J.M., detido no bairro Estreito, somam dezenas de passagens policiais e seguem voltando às ruas. Sem assistência jurídica adequada, sem lares, sem tratamento de saúde ou oportunidade de trabalho, esses indivíduos voltam ao mesmo ponto de origem.

A cidade, por sua vez, repara, substitui, ilumina — e vê tudo ser arrancado no dia seguinte. Enquanto não houver uma atuação conjunta entre áreas de segurança, saúde, assistência e trabalho, a sensação será de enxugar gelo.

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