A Polícia Civil de Santa Catarina desencadeou na manhã desta sexta-feira (22/08/2025) a Operação Baiacu, em Biguaçu e Antônio Carlos. A ação expôs uma organização criminosa que fraudava a compra e venda de veículos e movimentou aproximadamente R$ 20 milhões.
As autoridades cumpriram mandados de busca e apreensão, determinaram bloqueio de bens e realizaram prisão preventiva de uma das líderes do esquema. A operação revelou o envolvimento direto de um casal que se apresentava como negociador de veículos, mas agia com falsificação documental e intimidação.

Operação Baiacu e seu impacto
A investigação conduzida pela Delegacia de Biguaçu, com apoio da Polícia Militar e outras instituições, identificou que os suspeitos usavam CPFs distintos para financiar de seis a oito veículos ao mesmo tempo. Em seguida, repassavam esses carros a terceiros mediante contratos irregulares, sem garantir quitação de parcelas.
Com os compradores em dívida, o casal retomava os veículos à força, utilizando rastreadores e aplicando estratégias de intimidação. A investigação destacou que a fraude se sustentava em documentos falsos e simulações de intimações judiciais.
A engenharia das fraudes
Relatórios técnicos indicaram que o casal simulava negociações legítimas. Para ampliar a aparência de legalidade, usavam contratos de compra e venda bem estruturados e inseriam garantias inexistentes. O ponto central estava na inadimplência forçada, já que os compradores acreditavam ter assumido financiamentos regulares, mas descobriam o golpe apenas após cobranças bancárias.
No escritório de fachada utilizado por Natan, diversos documentos apreendidos revelaram falsificações elaboradas, inclusive intimações supostamente emitidas pelo Ministério Público e pela Polícia Civil.
O papel da intimidação
Durante a retomada dos veículos, relatos coletados pelos investigadores mostraram que Natan se apresentava como policial civil, advogado, membro do Ministério Público ou até integrante de facção criminosa. O objetivo era instalar medo imediato e reduzir a resistência das vítimas.
Testemunhas ouvidas relataram ameaças diretas, como a promessa de represálias físicas ou sanções jurídicas inventadas. Esse recurso consolidava a estrutura criminosa, ampliando o poder psicológico do grupo sobre os compradores.
Ações policiais e prisões
Na fase ostensiva, a Polícia Civil, acompanhada da OAB/Biguaçu, vasculhou a residência e o escritório do casal. Josiane Raitz foi presa preventivamente, enquanto Natan segue foragido. Carros de luxo, computadores e documentos foram recolhidos para análise pericial.
A Polícia Civil reforçou que investigações patrimoniais devem rastrear os ganhos ilícitos, de modo a recuperar valores desviados e compensar os prejuízos às vítimas.

Repercussão e próximos passos
A operação reforça a importância de monitoramento de esquemas financeiros fraudulentos em mercados de alto valor agregado, como o setor automotivo. Especialistas em criminologia apontam que golpes estruturados com financiamento irregular afetam não apenas compradores, mas bancos e concessionárias, minando a confiança do setor.
A expectativa é de novas diligências para localizar Natan e identificar outros envolvidos que possam ter auxiliado na logística e ocultação patrimonial.
- Operação Baiacu expôs fraude de R$ 20 milhões em SC
- Esquema usava CPFs e contratos falsos em revendas de veículos
- Compradores arcavam com financiamentos sem quitação
- Natan usava intimidação e falsas identidades para retomar carros
- Josiane foi presa; Natan permanece foragido