Uma operação deflagrada pela Vigilância Sanitária interditou um laboratório clandestino que funcionava nos fundos de uma tabacaria, no bairro Agronômica, em Florianópolis. A fiscalização aconteceu na noite desta segunda-feira (23), com apoio da Guarda Municipal e Polícia Civil. O espaço fabricava, de forma irregular, recargas e essências para vapes — dispositivos cujo comércio está proibido no Brasil desde 2009.
Durante a vistoria, agentes recolheram centenas de cartuchos, líquidos sem identificação, dispositivos prontos para venda e uma série de acessórios usados na produção artesanal. As embalagens não continham qualquer tipo de informação técnica, data de validade ou procedência dos insumos. O caso foi encaminhado à Central de Plantão Policial.

Fabricar vapes no Brasil viola legislação sanitária vigente
Mesmo com a proibição imposta pela Anvisa há mais de uma década, a produção e venda de cigarros eletrônicos continuam desafiando a legislação. A RDC nº 46 impede qualquer atividade relacionada à comercialização desses dispositivos, mas operações clandestinas vêm se adaptando para atuar nas margens do comércio legal. A falta de regulação transforma esses produtos em riscos potenciais à saúde pública.
Testes laboratoriais conduzidos em produtos similares revelam presença de agentes irritantes, solventes e altas concentrações de nicotina. Esses componentes, quando inalados, desencadeiam reações inflamatórias nos pulmões e no sistema cardiovascular. A ausência de estudos clínicos sobre os líquidos vendidos clandestinamente agrava o cenário de insegurança.
Apreensões mostram como vapes ilegais chegam ao consumidor
A estrutura improvisada encontrada no laboratório deixava evidente o ciclo de produção e distribuição ativa. Garrafas plásticas, bicos dosadores e embalagens sem qualquer padrão de qualidade estavam dispostos no ambiente. Cartuchos já prontos para o mercado foram apreendidos em grande volume, o que aponta para uma possível rede de distribuição.
Segundo os agentes, a rotulagem falsa dificultava a identificação da composição química dos líquidos. Isso amplia o risco para o consumidor final, que não tem como saber o que está inalando. A manipulação de substâncias químicas sem proteção adequada também representava risco direto aos trabalhadores do local.

Fiscalização articula esforço contínuo contra crime sanitário
A Prefeitura de Florianópolis mantém ações constantes para coibir práticas ilegais que coloquem em risco a saúde da população. A interdição do laboratório integra uma ofensiva que une setores da saúde e da segurança pública. O foco recai sobre pontos de venda, distribuição e fabricação de produtos ilegais, como os cigarros eletrônicos.
A diretora da Vigilância Sanitária reforçou que esses dispositivos, mesmo parecendo inofensivos, apresentam elevado potencial de dependência e comprometimento pulmonar. Substâncias como diacetil e acetato de vitamina E, identificadas em produtos clandestinos, são associadas a doenças graves como a bronquiolite obliterante.
• Laboratório clandestino operava nos fundos de tabacaria
• Operação conjunta envolveu Vigilância, Polícia e Guarda Municipal
• Foram apreendidos 336 cartuchos e líquidos não identificados
• Produção ignorava legislação da Anvisa e normas sanitárias
• Riscos incluem doenças respiratórias e dependência química
• Caso está sendo investigado pela Polícia Civil