O Hospital Municipal Ruth Cardoso, em Balneário Camboriú, agora pertence à gestão do Governo de Santa Catarina. A mudança foi oficializada no último domingo (20) pelo governador Jorginho Mello durante a celebração do aniversário da cidade. Com a sanção da lei, a unidade de saúde se torna hospital estadual, com promessa de reestruturação e ampliação da capacidade de atendimento.
A decisão transfere ao Estado o controle financeiro e administrativo do hospital, que antes era de responsabilidade do município. Com isso, a prefeitura poderá redirecionar recursos para os serviços de atenção básica, enquanto o Estado assume a missão de ampliar o atendimento hospitalar especializado na região.

Ato político amplia cobertura regional
Com a nova estrutura, a cobertura do hospital vai além de Balneário Camboriú e passa a servir oficialmente a todos os municípios da Associação dos Municípios da Foz do Rio Itajaí (AMFRI). A estadualização busca resolver gargalos históricos da rede hospitalar da região, que sofria com limitações orçamentárias e sobrecarga no atendimento de urgência e emergência.
A mudança não interfere na continuidade dos serviços, mas permite novos aportes financeiros e acesso a fontes de financiamento que só podem ser liberadas a unidades sob gestão estadual. Técnicos da Secretaria da Saúde confirmam que estão sendo criados planos diretores específicos para modernizar os setores e ampliar o corpo clínico.
Estrutura atual será ampliada
O hospital realiza mensalmente milhares de atendimentos de média complexidade, perfil que concentra 99% de sua atuação. Esse nível inclui cirurgias eletivas, internações clínicas, exames e partos. A atual estrutura, mantida com esforço tripartite entre município, Estado e União, vinha sendo pressionada pela alta demanda regional.
Com o novo modelo, a gestão estadual projeta duplicar o número de leitos de internação e de UTI até o final de 2026. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) indicam que a região da AMFRI já ultrapassou os 800 mil habitantes, o que torna essencial o fortalecimento de um hospital com perfil regionalizado.
Repasses diretos ao Estado destravam financiamento
Antes da mudança, o hospital recebia repasses federais de cerca de R$ 2 milhões por mês, que precisavam ser administrados pela prefeitura. Agora, com os recursos federais indo direto ao Estado, há mais agilidade para execução orçamentária e contratação de serviços. O Estado ainda assumirá integralmente os aportes que somam mais de R$ 3 milhões mensais, aliviando o orçamento local.
Com esse novo fluxo, a SES poderá atuar de forma mais estratégica, priorizando áreas críticas como pediatria e urgência. A promessa da gestão estadual inclui ainda a aquisição de novos equipamentos, ampliação do centro cirúrgico e contratação de mais especialistas por meio de concursos ou credenciamento.
Reorganização hospitalar avança no Litoral Norte
A estadualização do Ruth Cardoso se insere em um movimento mais amplo de reorganização da rede hospitalar no Litoral Norte. Com mais autonomia, o Estado pretende interligar os serviços de urgência, regulação e transporte de pacientes em tempo real, o que pode reduzir significativamente as filas e o tempo de espera para internações.
O Hospital Ruth Cardoso se junta a outras unidades sob gestão estadual que já seguem protocolos mais rígidos de qualidade, como o Hospital Regional de Araranguá. Especialistas da área avaliam que a regionalização plena da saúde pública depende de decisões como essa, que conferem escala e especialização ao atendimento.