Marius Bagnati é o diretor executivo da GRANFPOLIS, a Associação dos Municípios da Região da Grande Florianópolis, que reúne 22 municípios da região. Ele é engenheiro e desempenha um papel central na gestão de projetos estratégicos, incluindo iniciativas voltadas para sustentabilidade e desenvolvimento regional.
Entre suas contribuições recentes, Bagnati tem destacado a importância de soluções integradas para a gestão de resíduos sólidos urbanos, promovendo o uso de tecnologias como biodigestores e biogás para aumentar a sustentabilidade e eficiência do tratamento de resíduos. Ele também participa de debates relacionados à mobilidade urbana na região, enfatizando a necessidade de sistemas de transporte público mais eficazes para evitar problemas de congestionamento no futuro.
Granfpolis busca integração e desenvolvimento com novos projetos
A Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (GRANFPOLIS), que reúne 22 municípios desde Garopaba, no sul, até Tijucas, no norte, e chega aos limites serranos em Alfredo Wagner, é marcada por uma rica diversidade geográfica e cultural. Historicamente, a região recebeu ondas migratórias de portugueses, alemães e italianos, o que influenciou profundamente sua formação socioeconômica.
Para enfrentar os desafios dessa diversidade, a GRANFPOLIS desenvolve projetos estratégicos que promovem o planejamento integrado. Um dos pilares dessa atuação é o Consórcio Intermunicipal Multifinalitário, voltado à implantação de iniciativas de interesse coletivo. Em 2023, a associação obteve R$ 3,2 milhões em recursos dos governos federal e estadual. Esses valores estão sendo direcionados ao desenvolvimento de projetos que serão implementados a partir de 2025.
Crescimento migratório na Grande Florianópolis desafia gestores públicos
O diretor executivo da GRANFPOLIS, Marius Bagnati, destacou os desafios impostos pelo acelerado crescimento populacional na Grande Florianópolis, impulsionado por altas taxas de migração. Segundo ele, a região figura entre as que mais recebem migrantes no Brasil, com um aumento médio anual de 4,5% nas últimas décadas. Palhoça, por exemplo, experimentou um crescimento populacional de 116% nos últimos 20 anos, o que trouxe grandes desafios para a gestão pública.
“Essas pessoas chegam aqui buscando uma melhor qualidade de vida, mas também trazem demandas significativas, como creches, escolas, atendimento médico, moradia e emprego”, explicou Bagnati. Ele ressaltou a situação crítica do bairro Frei Damião, em Palhoça, onde cerca de 14 mil pessoas vivem em condições precárias, com 20% das moradias sem acesso a saneamento básico.
A região enfrenta também o contraste urbano, exemplificado pela proximidade entre Frei Damião e a Pedra Branca, um polo de urbanismo planejado. No Frei Damião, muitas famílias sobrevivem da separação de resíduos, reforçando a urgência de ações que combatam a pobreza extrema e promovam desenvolvimento regional.
Para Bagnati, planejar o futuro da Grande Florianópolis significa integrar essas populações em situação de vulnerabilidade, buscando soluções que elevem a qualidade de vida e promovam igualdade social.
Educação ambiental e projetos sustentáveis
A Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (GRANFPOLIS) reforça seu compromisso com a sustentabilidade por meio de iniciativas de educação ambiental e compostagem. Um dos projetos em destaque é a criação de dois novos pátios de compostagem, que atenderão quatro cidades da região, complementando ações já existentes para a gestão de resíduos.
Além disso, a associação avança com um ambicioso programa de coleta seletiva e compostagem em 117 escolas públicas municipais. A iniciativa inclui hortas comunitárias e visa envolver as crianças desde cedo na prática da separação de resíduos e na produção de composto orgânico, promovendo consciência ambiental e cidadania.
Em São José, um projeto pioneiro no Educandário Santa Catarina, que atende cerca de 600 crianças e jovens de comunidades de baixa renda, receberá três viveiros para produção de mudas, hortaliças e árvores para arborização urbana e proteção de matas ciliares. A proposta também busca garantir alimentos sem agrotóxicos para a instituição.
Sustentabilidade
Outra frente de trabalho é a transição para uma agricultura mais sustentável. Estudos recentes apontaram Florianópolis como a segunda capital brasileira com maior concentração de agrotóxicos na água potável, resultado do uso intensivo de químicos na bacia do Cubatão. Em parceria com a Epagri e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a GRANFPOLIS promove capacitação de pequenos produtores, incentivando práticas orgânicas e a conexão direta entre agricultores e consumidores, reduzindo custos e fortalecendo a economia local.
Na área de gastronomia, o projeto Floripa Amanhã e eventos como a Fenaostra têm sido palco para unir maricultura e agricultura local, apresentando pratos que valorizam os produtos regionais. Mesas de negociação previstas para 2025 prometem integrar produtores rurais diretamente com restaurantes e hotéis, consolidando um modelo de consumo mais sustentável e acessível.
Essas iniciativas visam não apenas a melhoria ambiental, mas também o fortalecimento econômico e social da região, promovendo uma qualidade de vida mais elevada para todos os habitantes da Grande Florianópolis.
Turismo, cultura e inovação impulsionam o desenvolvimento na Grande Florianópolis
A Grande Florianópolis se destaca por sua diversidade cultural, gastronômica e ambiental, mas ainda é pouco explorada no turismo regional. Para mudar essa realidade, a GRANFPOLIS está desenvolvendo um plano integrado que alia turismo, agricultura e meio ambiente. O objetivo é promover o crescimento econômico sustentável e valorizar as riquezas da região. Com iniciativas que incluem cicloturismo, turismo rural e ferramentas digitais de divulgação, a região dá passos significativos para se consolidar como destino turístico de destaque.
Turismo inexplorado: potencial cultural e natural à espera de valorização
Embora a Grande Florianópolis seja reconhecida nacionalmente por sua beleza natural e cultura vibrante, o potencial turístico de muitas localidades permanece subaproveitado. O plano da GRANFPOLIS é resgatar tradições e fortalecer a identidade cultural, integrando turismo e agricultura familiar.
Um exemplo é a promoção do turismo de experiências, que conecta visitantes à história e aos costumes locais. Em pequenas propriedades rurais, turistas podem vivenciar o dia a dia do campo, participar da colheita, aprender técnicas de cultivo sustentável e saborear pratos típicos preparados com ingredientes locais. Além de oferecer lazer de qualidade, essas atividades incentivam a preservação da cultura regional e geram renda para as comunidades.
Essa abordagem responde à crescente demanda por experiências autênticas e contato com a natureza, especialmente em um cenário pós-pandemia, onde o turismo sustentável e ecológico ganhou relevância global.
Turismo rural: a força do campo para impulsionar a economia
O turismo rural não só proporciona experiências únicas para visitantes como também representa uma nova fonte de renda para pequenos agricultores. Famílias que antes dependiam exclusivamente da agricultura podem diversificar suas atividades, oferecendo serviços como hospedagem, refeições e oficinas culturais.
Além disso, a iniciativa estimula o consumo de produtos locais, como queijos, vinhos e artesanatos, criando uma cadeia econômica que beneficia tanto produtores quanto consumidores. O fortalecimento da economia local é um dos pilares desse projeto, garantindo que as comunidades permaneçam ativas e integradas ao desenvolvimento regional.
Website promoverá visibilidade e fomento do turismo na região
Uma das iniciativas mais importantes da GRANFPOLIS está sendo a construção de um website que centraliza informações sobre os atrativos turísticos da região. A plataforma reúne dados sobre trilhas, eventos culturais e mapas temáticos, como o de turismo religioso, que já atrai grupos de peregrinos para trajetos como o Caminho de Santiago Catarinense e o circuito da Santa Paulina. O objetivo é tornar acessíveis informações sobre as diversas opções turísticas da Grande Florianópolis, promovendo o engajamento de moradores e visitantes.
A divulgação adequada dos atrativos existentes não só atrai turistas, mas também valoriza eventos culturais e gastronômicos que, até então, tem sido pouco divulgados. Essa estratégia busca transformar a região em um destino completo, capaz de atender diferentes perfis de viajantes.
Cicloturismo: esporte e desenvolvimento local em harmonia
Uma das iniciativas mais inovadoras é o cicloturismo, que alia esporte, lazer e desenvolvimento econômico. Com apoio do Sebrae e de prefeituras locais, o primeiro circuito foi inaugurado em São Pedro de Alcântara. O trajeto de 47 quilômetros, em formato circular, conta com sinalização detalhada e suporte técnico para ciclistas, garantindo segurança e comodidade.
Além disso, o projeto envolve a comunidade local. Pequenos empresários, como donos de padarias e oficinas, são incentivados a adaptar seus serviços para atender ciclistas. Isso cria oportunidades econômicas para negócios locais e promove a inclusão da comunidade no processo turístico.
O próximo circuito, planejado pela prefeitura de Palhoça, abrangerá dez municípios, conectando Palhoça a Alfredo Wagner em 420 quilômetros de rota. Dividido em etapas, o trajeto contará com uma governança local em cada município, formada por empresários e moradores, garantindo que os benefícios do turismo sejam distribuídos amplamente.
Inspirado no sucesso do Vale Europeu, que atrai ciclistas do mundo todo, o projeto visa consolidar a Grande Florianópolis como referência internacional em cicloturismo, integrando atividades esportivas à valorização cultural e ambiental.
Turismo diversificado e acessível para todos
Além dos projetos específicos, a GRANFPOLIS investe na promoção de atrativos complementares. Águas termais em Santo Amaro da Imperatriz, festas culturais e cafés coloniais em municípios como São Pedro de Alcântara são exemplos de opções que enriquecem o leque de experiências para os turistas.
O turismo diversificado atende à demanda por alternativas ao turismo de praia, oferecendo opções em caso de mudanças climáticas ou períodos de chuva. Essa estratégia amplia o tempo de permanência dos visitantes e incentiva a exploração de áreas menos conhecidas.
