Com lançamento previsto para o segundo semestre de 2025, o novo pacote social de Lula chega em meio à tentativa de frear a queda na aprovação do governo. O foco está nas grandes cidades e nas franjas da classe média. O desenho inclui desde uma reformulação completa no vale-gás até a criação de linhas de crédito específicas para trabalhadores informais.
A disputa pelo voto popular em 2026 começa agora. O novo pacote surge como resposta às dificuldades do governo em manter a conexão com segmentos urbanos vulneráveis e economicamente ativos. A proposta integra esforços de ministérios distintos para atender demandas que combinam necessidade e apelo político.

Cartão de gás amplia alcance e muda logística
A reformulação do vale-gás carrega ambição: quadruplicar o número de famílias atendidas. O novo programa terá caráter universal dentro de uma faixa de renda determinada pelo Cadastro Único. A distribuição via cartão eletrônico promete maior controle e menor custo administrativo, evitando repasses em dinheiro.
O preço do gás de cozinha, que hoje flutua entre R$ 90 e R$ 130 nas capitais, representa um dos principais vilões do orçamento doméstico para famílias de baixa renda. Estudos da FGV apontam que o gás compromete mais de 7% da renda mensal em domicílios de renda mínima. A universalização do acesso busca aliviar essa pressão e aumentar a segurança alimentar.
Reforma de casa com crédito controlado
O novo financiamento habitacional não contempla novos imóveis, mas aposta na revitalização de casas antigas, principalmente em bairros periféricos e cidades médias. A política dialoga com um desejo recorrente: melhorar a estrutura da casa própria sem se endividar por décadas.
O valor dos empréstimos deve variar conforme a renda familiar e a capacidade de pagamento. A estratégia prevê parcerias com pequenos construtores e lojas de materiais. A expectativa do governo é gerar emprego e estimular a microeconomia local com impacto direto no consumo e na qualidade de vida.
Microcrédito para apps e entregadores impulsiona informalidade organizada
A nova linha de financiamento voltada a entregadores e motoristas de aplicativo responde a uma realidade invisível às políticas públicas tradicionais. Com milhões de brasileiros atuando como autônomos sem previdência ou carteira assinada, o governo tenta construir pontes com esse universo.
Os créditos seriam concedidos com carência e prazo estendido, permitindo que esses trabalhadores formalizem seus serviços e invistam em veículos próprios. A medida tem forte apelo entre jovens adultos e homens entre 25 e 40 anos, faixa que passou a aderir ao trabalho via aplicativo durante e após a pandemia.
Efeitos eleitorais e reação da oposição
As medidas despertam reação imediata entre adversários do governo, que apontam o pacote como eleitoreiro. No entanto, a pressão sobre o Palácio do Planalto é crescente. A deterioração da aprovação presidencial, medida por institutos de pesquisa, mostra um afastamento da base popular que sustentou campanhas anteriores.
Para o governo, reaproximar-se dessas camadas da população pode definir o cenário eleitoral de 2026. O “Gás para Todos”, o crédito para reforma e os incentivos ao transporte de trabalho funcionam não apenas como políticas públicas, mas como sinalização política com efeitos diretos na disputa eleitoral que já começou nos bastidores.
• “Gás para Todos” deve atingir 16 milhões de famílias com novo modelo de entrega
• Crédito habitacional permitirá reformas entre R$ 5 mil e R$ 30 mil
• Financiamento com carência para trabalhadores de apps busca formalização indireta
• Governo articula medidas com foco em reconquistar eleitorado urbano
• Impacto previsto supera R$ 2,6 bilhões em 2025 e dobra em 2026