O número de nascimentos no Brasil chegou a 2,52 milhões em 2023, queda que representa o menor patamar em quase 50 anos, segundo o IBGE. A redução ocorre pelo quinto ano consecutivo e acende alerta sobre mudanças estruturais na dinâmica populacional do país.
A tendência acompanha fenômeno global, mas ganha contornos próprios no Brasil, marcado por desigualdades sociais e regionais. O dado mostra que mulheres estão adiando a maternidade, enquanto fatores econômicos e culturais redefinem escolhas familiares.

Brasil com menos filhos
A queda registrada equivale a 12% a menos de nascimentos em comparação à média observada no período pré-pandemia. Na série iniciada em 1974, o volume de 2023 só se aproxima do índice de 1976. Especialistas relacionam o cenário ao avanço da educação feminina, inserção no mercado de trabalho e disseminação de contraceptivos entre camadas de renda variadas.
Estudos de demografia apontam que taxas de fecundidade abaixo de 2 filhos por mulher tendem a provocar envelhecimento acelerado da população. O dado reforça projeções de que o Brasil deve enfrentar pressões no sistema previdenciário e nas políticas de saúde pública.
Idade materna em transformação
Os registros de 2023 mostram maior concentração de nascimentos entre mulheres acima dos 30 anos. Essa mudança contrasta com o início dos anos 2000, quando mais de 20% dos partos vinham de mães adolescentes. Em duas décadas, a participação dessa faixa etária caiu quase pela metade.
Ao mesmo tempo, mães com mais de 40 anos somaram 109 mil nascimentos em 2023, o dobro da proporção observada em 2003. Dados médicos indicam que gestações em idade avançada exigem maior atenção clínica, já que a fertilidade feminina diminui progressivamente após os 35 anos.

Retrato regional
A distribuição geográfica do fenômeno reforça desigualdades. No Norte e no Nordeste, mães adolescentes ainda representam parcela expressiva, enquanto o Sudeste lidera a maternidade tardia. No Norte, 18,7% das mães tinham até 19 anos em 2023, enquanto no Sudeste 42,9% das mães tinham mais de 30.
As diferenças sugerem que fatores ligados a renda, escolaridade e políticas de saúde reprodutiva influenciam diretamente a decisão de quando ter filhos. Regiões mais urbanizadas e com maior acesso a serviços tendem a registrar mães mais velhas.
Destaques do levantamento
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- Unidades da federação com maior proporção de nascimentos gerados por mães até 19 anos em 2023: Acre: 21,4%
Amazonas: 20,5%
Pará: 19,2%
Maranhão: 18,9%
Roraima: 17,9%
Amapá: 17,8% - Unidades da federação com maior proporção de nascimentos gerados por mães com 30 anos ou mais em 2023: Distrito Federal: 49,4%
Rio Grande do Sul: 44,3%
São Paulo: 44,3%
Santa Catarina: 42,9%
Minas Gerais: 42,8%