Intervenções ecológicas ganham força nas dunas da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, com a atuação coordenada da CASAN e apoio de consultorias técnicas. O objetivo está na recuperação ambiental de áreas afetadas pela operação do sistema de esgotamento sanitário. A ação, com investimento de R$ 27 milhões, integra medidas de engenharia e restauração biológica.
O projeto aplica técnicas de regeneração da restinga e reintroduz elementos fundamentais da flora e fauna locais. As ações, já em andamento, buscam transformar um cenário de degradação em referência de manejo sustentável em áreas urbanas sensíveis.

Restinga como escudo natural contra impactos
A vegetação de restinga, típica do litoral catarinense, funciona como barreira viva contra processos erosivos, ventos fortes e salinidade. Reconstituir esse ecossistema oferece proteção não só à biodiversidade como também à estrutura física das dunas, que sofrem com pressões urbanas e climáticas.
O reflorestamento com espécies nativas permite o restabelecimento do ciclo natural de nutrientes e contribui para o armazenamento de carbono. Estudos ambientais apontam que áreas de restinga bem manejadas apresentam maior resistência a eventos extremos, como tempestades e inundações.
Serapilheira: base viva da restauração ecológica
A aplicação de serapilheira destaca-se como tecnologia ecológica de ponta no plano da CASAN. Rico em matéria orgânica e sementes de vegetação local, esse material atua como catalisador da regeneração. Ele protege o solo, retém umidade e viabiliza a colonização por microrganismos essenciais ao desenvolvimento das plantas.
Pesquisas científicas indicam que áreas com adição de serapilheira exibem maior diversidade vegetal em menos tempo. Isso ocorre porque ela reproduz as condições naturais do solo de restinga, favorecendo espécies adaptadas ao bioma costeiro.
Reengenharia das dunas traz segurança para a população
A segurança estrutural das dunas exige mais que plantio. Estudos hidrológicos, hidráulicos e geotécnicos subsidiaram intervenções nos taludes e na gestão do nível da Lagoa de Evapoinfiltração. Técnicas como a dragagem do fundo e o monitoramento da umidade garantem o funcionamento eficiente do sistema.
O “Muro Verde”, utilizado para contenção, evita deslizamentos e integra-se ao ambiente, minimizando impactos visuais e promovendo equilíbrio ecológico. Moradores próximos à lagoa passam a contar com infraestrutura mais segura e compatível com o ambiente costeiro.
Esgoto tratado com mais rigor ambiental
A substituição do antigo sistema de esgoto pelo tratamento terciário mudou o patamar ambiental da região. Agora, a água devolvida à natureza apresenta menores níveis de fósforo e nitrogênio, o que previne a proliferação de algas e preserva o oxigênio nos corpos hídricos.
Técnicos ambientais acompanham o impacto da mudança com monitoramento contínuo da qualidade da água. A ação não só melhora o desempenho do sistema de saneamento como cria as condições ideais para que a vida aquática retorne à Lagoa da Conceição.

Tecnologia e natureza aliadas na recuperação
Transposição de solo, semeadura direta e introdução de touceiras fazem parte das técnicas aplicadas no campo. Cada uma tem função específica e cumpre etapas planejadas de um processo técnico de restauração, com base na sucessão ecológica e análise do histórico da área.
As práticas respeitam o perfil natural do solo, a insolação e o regime hídrico local. Ao usar técnicas adaptativas, o projeto reduz riscos de fracasso na revegetação e cria uma matriz ambiental que favorece o desenvolvimento sustentável em longo prazo.
Pontos-chave
- Reintrodução de vegetação de restinga como proteção ecológica e estrutural
- Serapilheira atua como fertilizante natural e regenerador biológico
- Estudos técnicos definem nível seguro de operação da Lagoa de Evapoinfiltração
- Sistema de esgoto com tratamento terciário melhora qualidade da água
- Técnicas de campo baseadas em sucessão ecológica garantem adaptação das plantas