A divisão da cidade de São José pela BR-101 cria obstáculos significativos para a mobilidade urbana, afetando diretamente o cotidiano dos moradores e o desenvolvimento municipal. Uma recente roda de conversa na Câmara de Vereadores evidenciou a necessidade urgente de regulamentação do fluxo de caminhões no trecho urbano da rodovia.
A subutilização do Contorno Viário da Grande Florianópolis e a falta de autonomia municipal sobre os semáforos controlados pela concessionária da rodovia agravam os problemas de trânsito. Vereadores e especialistas defendem um modelo semelhante ao implementado em São Paulo, restringindo a circulação de veículos pesados nas áreas urbanas.

O Impacto da BR-101 na Fragmentação Urbana
A presença da BR-101 no território josefense resultou numa fragmentação territorial que compromete a integração entre os bairros. O secretário de infraestrutura, Nardi Arruda, durante o debate promovido pela Câmara Municipal, destacou como a rodovia divide a cidade em quatro partes distintas.
Esta segmentação tem gerado dificuldades estruturais para o planejamento urbano, criando verdadeiras ilhas urbanas com acesso limitado entre si. O planejamento original da rodovia, concebido décadas atrás, não contemplou o crescimento acelerado que São José experimentaria nas últimas décadas.
Problemas Causados pela Gestão Unilateral da Rodovia
As decisões unilaterais tomadas pela concessionária responsável pela BR-101 frequentemente ignoram as necessidades locais. Um caso emblemático mencionado pelo secretário Arruda foi o fechamento do acesso ao Mercado Prado, próximo ao viaduto da Serraria.
Esta alteração redirecionou todo o fluxo de veículos para a Rua Itália, via que não possuía infraestrutura adequada para suportar tal volume de tráfego. De acordo com engenheiros de tráfego, alterações viárias sem estudos prévios de impacto no entorno podem gerar efeitos em cascata, afetando bairros inteiros.
A Questão do Contorno Viário Subutilizado
O Contorno Viário da Grande Florianópolis, obra que consumiu investimentos substanciais, não cumpre integralmente sua função de desviar o tráfego pesado da área urbana. O presidente da Câmara, vereador Matson Cé, observou que uma simples análise visual demonstra a baixa utilização desta alternativa.
Uma pesquisa recente conduzida pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) indica que apenas 37% dos veículos de carga que poderiam utilizar o Contorno efetivamente o fazem. Esta subutilização mantém o fluxo intenso de caminhões atravessando áreas densamente povoadas, comprometendo a qualidade do ar e a segurança viária.
Limitações na Autonomia Municipal sobre o Trânsito
O controle dos semáforos localizados na interseção entre vias municipais e a rodovia federal permanece sob jurisdição da concessionária. Esta limitação impede que o município implemente estratégias de sincronização semafórica que poderiam melhorar a fluidez do tráfego local.
Em bairros como Forquilhinhas, Sertão do Maruim e Forquilhas, formam-se congestionamentos diários devido à falta de coordenação entre os sistemas de tráfego municipal e federal. A integração tecnológica entre os sistemas de controle semafórico municipal e o da concessionária poderia reduzir significativamente os tempos de espera nas interseções críticas.
Propostas para Integração e Fluidez do Tráfego
A construção de novos viadutos e pontes surge como alternativa para reconectar as áreas fragmentadas pela rodovia. Projetos como o elevado na região da Vera Rio e uma ponte na área do Brasil da Cadiça poderiam facilitar significativamente a circulação entre bairros atualmente isolados.
A implementação de um sistema regulatório que restrinja o trânsito de caminhões de grande porte no trecho urbano da BR-101, obrigando-os a utilizar o Contorno Viário, representaria um avanço substancial para a mobilidade urbana em São José. Esta medida, já adotada com sucesso em outras grandes cidades brasileiras, equilibraria as necessidades logísticas com a qualidade de vida urbana.
- A BR-101 divide São José em quatro partes, dificultando a integração entre os bairros e a fluidez do trânsito local.
- O Contorno Viário da Grande Florianópolis está sendo subutilizado, mantendo o fluxo intenso de caminhões no trecho urbano da rodovia.
- Decisões unilaterais da concessionária da BR-101 frequentemente prejudicam a malha viária municipal, como no caso do fechamento do acesso ao Mercado Prado.
- A falta de autonomia municipal sobre os semáforos nas interseções com a rodovia federal impede a implementação de estratégias eficazes de gestão do tráfego local.
- A construção de novos viadutos e pontes e a regulamentação do fluxo de caminhões são medidas necessárias para melhorar a mobilidade urbana em São José.