Vídeos virais nas redes sociais envolvendo bonecas tratadas como bebês reais levaram a manifestações de prefeituras, polêmicas nas redes e debates legislativos. A discussão se espalhou do entretenimento para as esferas jurídica e médica.
O fenômeno reacendeu temas como saúde mental, limites sociais e o papel da arte. Entre aplausos e críticas, o que antes parecia nicho virou questão pública.
Por que os vídeos com bebês reborn viralizaram agora
A popularidade dos bebês reborn não surgiu ontem. Influenciadoras como Nane Reborns compartilham suas coleções há mais de 20 anos. O que mudou foi a escala. Com o TikTok, vídeos de adultos tratando bonecas como filhos alcançaram milhões de visualizações, transformando a prática em fenômeno midiático.
Nomes conhecidos, como padre Fábio de Melo e Nicole Bahls, também adotaram reborns, conferindo legitimidade cultural à prática. Isso contribuiu para o aumento do engajamento digital e, consequentemente, das reações sociais. No cinema, a arte chegou à tela com o filme “Uma Família Feliz”, protagonizado por Grazi Massafera.

Entre o afeto e a crítica: os extremos do debate
Nem todos enxergam com simpatia o vínculo com as bonecas. Comentários sarcásticos e diagnósticos populares de desequilíbrio mental são frequentes nas redes. Uma parcela do público enxerga uma infantilização exagerada ou comportamento escapista.
Outros veem na crítica uma dose de machismo: enquanto homens colecionam action figures ou montam trens elétricos sem julgamento, mulheres são questionadas por tratar bonecas com carinho. O embate ilustra uma tensão entre liberdade individual e normas sociais implícitas.
Legislação tenta definir limites para a prática pública com reborns
Com as cenas se multiplicando nos espaços públicos, o Congresso Nacional reagiu. Propostas de lei visam restringir o uso dos bonecos em situações que garantem direitos a bebês reais, como assentos preferenciais ou atendimentos prioritários.

A proposta mais avançada estipula punições financeiras e proíbe o uso de reborns para obter benefícios públicos. A preocupação é que o uso indevido possa gerar confusão nos serviços e comprometer direitos reais de pais e mães com filhos de verdade.
A perspectiva clínica: o que dizem especialistas em comportamento
A psiquiatria reconhece que o apego a objetos simbólicos pode ter funções terapêuticas. Estudos sobre luto, solidão e ansiedade associam os reborns a dinâmicas de compensação afetiva. O problema emerge quando esse vínculo compromete a realidade do indivíduo ou afeta terceiros.
Especialistas alertam que o fenômeno precisa ser analisado caso a caso. Nem toda mulher que trata uma boneca como filha tem uma condição psicológica. Mas, em contextos extremos, a arte reborn pode encobrir dores profundas que demandam atenção profissional.
• Arte reborn ganhou visibilidade com redes sociais e celebridades
• Discussão envolve saúde mental, liberdade individual e limites sociais
• Propostas legislativas querem evitar uso indevido de benefícios públicos
• Psicologia aponta possíveis vínculos terapêuticos com os bebês reborn