O inverno trouxe um cenário alarmante ao litoral catarinense: mais de mil pinguins-de-Magalhães já apareceram mortos em Florianópolis desde junho. O registro mais recente ocorreu nesta quarta-feira (20), quando 136 animais foram encontrados sem vida na praia de Jurerê.
As mortes seguem em investigação, mas os técnicos envolvidos relatam que os corpos estavam em decomposição avançada. O recolhimento imediato buscou impedir riscos sanitários à população e a animais domésticos que frequentam a região.

Migração marcada por desafios
Durante a migração anual, pinguins deixam colônias na Patagônia em busca de alimento em águas brasileiras. A travessia, que pode durar semanas, expõe os animais a correntes marítimas intensas, escassez de cardumes e interação com embarcações de pesca.
Estudos de biologia marinha indicam que o gasto energético elevado, somado à hipotermia, reduz drasticamente a chance de sobrevivência dos filhotes. Esse fator explica o grande número de animais jovens encontrados sem vida nas praias catarinenses.
Dados de mortalidade preocupantes
Até 20 de agosto, 1.132 pinguins mortos foram contabilizados apenas em Florianópolis. Do total de registros, somente 79 estavam vivos no momento do resgate, sendo encaminhados ao Centro de Reabilitação da R3 Animal.
As equipes afirmam que os encalhes devem continuar até outubro, quando a temporada migratória chega ao fim. O alto índice de mortalidade reforça a necessidade de medidas de mitigação frente a causas humanas, como a pesca incidental.
Indicadores ambientais em análise
O trabalho de necropsia e exames laboratoriais busca entender se fatores climáticos vêm impactando a rota migratória. Alterações na temperatura da água e na disponibilidade de peixes já são apontadas por oceanógrafos como potenciais responsáveis pelo aumento de mortes.
Dados coletados em necropsias também oferecem subsídios para avaliar a presença de poluentes e microplásticos no organismo dos animais, o que contribui para estudos sobre a saúde dos ecossistemas marinhos do Atlântico Sul.

Recomendações ao cidadão
A orientação dos especialistas é clara: não se deve manusear pinguins encontrados na praia, vivos ou mortos. O contato direto compromete a saúde do animal e pode expor o ser humano a agentes patogênicos.
Em caso de avistamento, a recomendação é manter distância, evitar aglomerações ao redor do animal e acionar imediatamente a equipe de monitoramento. O resgate pode ser solicitado pelo 0800 642 3341 ou (48) 3018 2316.
Medidas de proteção
- Registro de mais de mil pinguins mortos em Florianópolis em 2023
- Maior impacto sobre animais jovens durante a migração
- Estudos investigam influência climática e pesca incidental
- Equipes atuam em resgate e necropsia de animais encontrados
- População deve acionar PMP-BS sem tocar nos pinguins