O mais recente encontro do Movimento Floripa Sustentável expôs um dado preocupante: Florianópolis perdeu posições no ranking nacional da Educação Fundamental e hoje ocupa a 15ª colocação entre as capitais. Mesmo com o maior investimento do país em educação municipal, os resultados não acompanham o volume aplicado.
Durante o Almoço Estratégico de 2025, o secretário de Educação, Thiago Mello Peixoto, admitiu que os alunos da capital estão atrasados em relação aos de outras cidades. As falhas no aprendizado se tornaram tão graves que 97% dos estudantes chegam ao Ensino Médio sem domínio de operações matemáticas básicas.
Educação em queda livre no Ideb
A queda do primeiro para o 15º lugar no Ideb em pouco mais de uma década gera questionamentos sobre o modelo de gestão educacional vigente. Apesar de cifras bilionárias, os alunos da rede municipal convivem com defasagens estruturais e pedagógicas. O índice revelou um distanciamento progressivo entre o volume investido e os resultados efetivos na aprendizagem.

A comparação com Teresina, líder em desempenho mesmo com orçamento inferior, levantou discussões sobre eficiência. A análise técnica sinalizou que as causas não estão apenas no investimento, mas na qualidade do ensino, na formação dos professores e na consistência das políticas públicas ao longo dos anos.
Novo plano educacional busca corrigir rota
A aposta da Secretaria de Educação se concentra no plano “Floripa Mais Aprendizagem”, que reúne sete medidas prioritárias. Dentre elas, estão a reorganização curricular e a aplicação de avaliações internas em ciclos trimestrais. A proposta visa corrigir distorções de aprendizagem que se agravaram nos últimos anos.
Formações contínuas para docentes e um controle mais rigoroso do desempenho escolar entram como pilares da nova abordagem. A ideia central envolve reforçar o acompanhamento dos alunos e reduzir o número de estudantes com dificuldades severas no final do ciclo fundamental.
Greves comprometem avanços pretendidos
Se as propostas técnicas sinalizam esperança, o contexto social e político joga contra. Greves recorrentes atrapalham o calendário escolar e minam os esforços de recuperação da aprendizagem. O próprio secretário lamentou o estado de greve recém-declarado, temendo novos atrasos na implementação do plano.
A instabilidade da rede mostra que a solução para a crise da Educação em Florianópolis não depende apenas de diagnósticos e planos. O envolvimento da comunidade, o apoio político e o compromisso das lideranças escolares serão determinantes para qualquer avanço sustentável.
Evento reúne vozes influentes da Educação
O evento contou com especialistas do Todos pela Educação, do Tribunal de Contas e do Conselho Municipal de Educação. Os debates focaram nos caminhos possíveis para recolocar Florianópolis entre as referências nacionais em ensino básico. Houve consenso de que a cidade precisa de menos burocracia e mais estratégia de longo prazo.
A escuta ativa entre agentes públicos e especialistas buscou pavimentar uma base comum para a execução de mudanças. O reconhecimento de erros e a transparência na exposição dos dados mostraram maturidade institucional diante da crise.
Memória da Educação homenageada com resistência
No momento mais simbólico do evento, o Movimento Floripa Sustentável prestou homenagem a dois nomes históricos da Educação catarinense. O gesto buscou reafirmar valores como legado, compromisso e responsabilidade com o ensino público. O professor João David Ferreira Lima foi lembrado em defesa de sua memória diante de tentativas de revisão histórica.
A conexão entre passado e futuro marcou o encerramento do encontro. Ao relembrar figuras centrais da construção educacional local, o Movimento indicou que a inspiração para resolver os problemas atuais pode vir justamente das lições já aprendidas no passado.