A leitura do livro “O caso do bolinho” deu início a uma experiência marcante para crianças do NEIM Morro do Horácio, em Florianópolis. Integrando literatura infantil com educação nutricional, o projeto envolveu os alunos em uma atividade onde o bolo da história ganhou vida dentro da sala de aula.

A receita, baseada nos elementos descritos na canção do bolinho, foi preparada com participação ativa das crianças. A ação partiu da proposta “Que história é essa?”, desenvolvida pela equipe pedagógica para estimular o letramento de forma lúdica e afetiva.
Projeto “Que história é essa?” articula imaginação e realidade
Idealizado como forma de ampliar o repertório literário das crianças, o projeto busca adaptar o conteúdo das histórias à linguagem da infância. Após perceber o interesse dos alunos por narrativas com ursos, a equipe criou uma metodologia baseada em curiosidades espontâneas da turma.
Cada nova história traz uma vivência, como aconteceu com o bolinho. A leitura não encerrou no texto: ela se transformou em prática, em receita, em sabor. Isso fortaleceu o vínculo entre o conteúdo da sala de aula e o cotidiano alimentar das famílias.

Participação ativa estimula linguagem e coordenação motora
As crianças foram convidadas a vestir aventais, participar da contagem de ingredientes e observar o preparo. Com isso, ativaram habilidades relacionadas à coordenação motora, matemática básica e linguagem descritiva. A atividade promoveu interação e cooperação entre os colegas.
O envolvimento direto com os materiais reforça conceitos abordados nas diretrizes da BNCC para a educação infantil, onde o brincar e a experimentação são pilares do aprendizado. O momento virou um laboratório de palavras, texturas e sentidos.
Educação nutricional ganha força na prática escolar
A nutricionista Alessandra Oreano conduziu a ação de forma acessível e envolvente. Durante a explicação, utilizou termos simples e analogias lúdicas — como a “chuva de trigo” ao peneirar a farinha — para tornar os conceitos mais compreensíveis.
A ciência dos alimentos, como o efeito do fermento ou a separação da clara e da gema, foi apresentada sem complexidade técnica, mas com rigor. Esse tipo de linguagem mediada ajuda a construir uma base sólida para escolhas alimentares futuras.
Atividade promove vínculos afetivos e sensação de pertencimento
Na hora do lanche, as crianças comemoraram a experiência com entusiasmo. A organização do espaço e a possibilidade de compartilhar o resultado do próprio esforço reforçaram a autoestima dos pequenos. O parabéns coletivo reforçou a dimensão emocional da ação.
O alimento, nesse contexto, ultrapassa a função nutricional e assume papel simbólico. Ele se torna canal de afeto, memória e linguagem, como apontam estudos em psicologia da infância que analisam o papel do comer compartilhado na construção de vínculos.
Literatura e alimentação como eixos integradores do currículo
A proposta revela uma visão ampliada do currículo da educação infantil, onde a interdisciplinaridade se materializa em ações concretas. A fusão entre livro e cozinha fortalece a percepção de que aprender pode — e deve — ser prazeroso.
Experiências como essa aproximam a criança da leitura sem imposição. Elas mostram que o texto não é apenas um conjunto de palavras, mas um convite à descoberta. E quando isso envolve o paladar, o cheiro e o toque, a aprendizagem se expande para muito além das páginas.
• Projeto usa livro para iniciar atividade culinária na creche
• Crianças participam do preparo e aprendem sobre nutrição
• Ação reforça coordenação motora, linguagem e socialização
• Literatura vira porta de entrada para experiências práticas
• Proposta alia afeto, ciência e aprendizado na infância