A BR-101 à altura do Morro dos Cavalos, em Palhoça, pode ganhar um novo capítulo. O Governo de Santa Catarina apresentou um projeto alternativo à construção do túnel, priorizando a viabilidade econômica e o menor impacto ambiental.
A proposta do binário, que já está sob avaliação do Ministério dos Transportes, tende a substituir o plano bilionário, com menos custo e mais agilidade. A medida reflete anos de pressão por uma resposta concreta ao gargalo logístico no Litoral Sul.

Governo opta por contorno mais barato que túnel
Enquanto o túnel teria orçamento superior a R$ 1,2 bilhão, a proposta do binário orça os custos em R$ 291,3 milhões. A diferença de valores reacende o debate sobre prioridades e racionalidade nos gastos públicos.
Segundo levantamento técnico da Secretaria de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE), o projeto engloba 5,2 km de extensão com trechos de até 80 km/h e reformulação do atual traçado. O governador Jorginho Mello reforça: “A gente briga pelo que é nosso, mas a gente também conversa para se chegar a uma solução”.
Fluxo dividido para desafogar a BR-101
A lógica da proposta concentra o fluxo norte na via existente, que será alargada com uma terceira faixa. A nova pista atenderá exclusivamente o sentido sul, formando um binário operacional.
Com esse formato, a expectativa é reduzir o tempo de travessia e minimizar congestionamentos crônicos, especialmente em períodos de alta estação. A reformulação estrutural inclui acostamentos de 3 metros em ambos os lados, sinalização nova e padrões técnicos alinhados às normas da ABNT.
Impacto ambiental menor em território sensível
A área do Morro dos Cavalos é rodeada por terras indígenas e pela Serra do Tabuleiro, impondo restrições ambientais severas. A proposta do binário, por não perfurar montanhas, reduz significativamente o impacto ecológico.
Essa configuração agrada técnicos do setor e ambientalistas. Estudos prévios indicam que o contorno tem menores chances de interferência sobre áreas de preservação permanente e territórios tradicionais.
Etapas dependem de licenciamento e licitação
A proposta ainda requer o licenciamento ambiental e a aprovação do Tribunal de Contas da União. A modalidade escolhida para a licitação será a RDCi, que permite contratar projeto e execução simultaneamente.
Segundo a SIE, o anteprojeto levaria quatro meses para ficar pronto, com prazo de 18 meses para a obra. O governador afirma: “Tendo um projeto viável na mão, vou sentar com o governo federal e propor uma parceria”.

Binário surge como reação a acidentes graves
A urgência da intervenção ganhou força após um acidente com caminhão-tanque no trecho, em abril, que paralisou a BR-101 por horas. O incidente expôs a fragilidade do trecho e motivou o avanço da proposta estadual.
O plano busca mitigar riscos e impedir novas tragédias. A previsão é que, com o binário, o tempo de travessia do novo trecho seja de 3 minutos e 54 segundos, mesmo em horários de pico.
Engenharia foca segurança e fluidez
O projeto prevê duas curvas com limite de 60 km/h, trechos retos de até 80 km/h e faixas de rolamento mais largas. Técnicos apostam que o desenho favorece a fluidez sem comprometer a segurança.
Relatórios da SIE mostram que a geometria da pista prioriza estabilidade e redução de acidentes em curvas. O traçado acompanha o relevo natural da região, exigindo menos cortes e escavações.
- Binário proposto custa R$ 291,3 milhões, contra R$ 1,2 bilhão do túnel
- Trecho atual será unidirecional, com três faixas no sentido norte
- Nova pista atenderá fluxo sul, totalizando 5,2 km de extensão
- Projeto prevê viaduto, ponte e novos acostamentos
- Solução apresenta menor impacto ambiental sobre áreas indígenas
- Licitação será em regime integrado para acelerar o cronograma