Demolição na Lagoa da Conceição mobiliza debate sobre ocupação irregular
Uma decisão judicial determinou a demolição na Lagoa da Conceição de construções que excederam os limites autorizados. As ampliações irregulares foram alvo de uma ação civil pública movida por entidades federais, estaduais e municipais.
As estruturas, que totalizam 184 m² além da área original licenciada, ocupam APP e terreno de marinha, além de estarem a menos de 15 metros da margem. O juiz considerou que décadas de uso não justificam o desrespeito às regras ambientais.
impactos ambientais e decisão sobre a demolição na Lagoa da Conceição
A sentença reafirma a urgência de proteger áreas de preservação permanente em Florianópolis. No caso do Restaurante Oliveira, localizado à beira da Lagoa, ficou evidente o impacto negativo sobre o meio ambiente. Estudos recentes indicam que a ocupação de terrenos de marinha compromete não apenas o equilíbrio dos ecossistemas, mas também o acesso público, conforme previsto na Constituição.

A área extra construída, de 184 m², corresponde a mais de 50% do tamanho original da edificação licenciada. A ocupação em APPs, que inclui ecossistemas frágeis como margens de lagoas e rios, resulta em riscos à biodiversidade e ao escoamento natural das águas. Segundo o Instituto Socioambiental, APPs desempenham papel crítico na proteção contra inundações e no controle da erosão.
ocupação irregular e ausência de alvarás
O histórico das ampliações irregulares no imóvel reflete uma tolerância que, na visão do juiz Charles Giacomini, não legitima as construções. Autorizações de uso concedidas em 1965 limitaram-se a uma edificação de 168 m², mas as ampliações nunca obtiveram os alvarás necessários.
Entre as irregularidades apontadas, a construção invadiu áreas de uso comum, comprometendo o direito ao acesso à praia da Lagoa. O desrespeito ao planejamento urbano e às normas ambientais demonstra um padrão de ocupação que desafia as diretrizes estabelecidas pela legislação brasileira.
plano de recuperação ambiental obrigatório
A sentença exige a apresentação de um Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad) para a Floram em até 90 dias. Esse documento será fundamental para restaurar a vegetação nativa e minimizar os impactos causados pela ocupação. Segundo a legislação ambiental, a recuperação deve incluir medidas para reequilibrar o ecossistema local, como o replantio de espécies nativas e a contenção de margens para evitar novos processos erosivos.
Especialistas em gestão ambiental argumentam que o prazo de 180 dias para cumprir a demolição pode ser desafiador, considerando a logística envolvida. Ainda assim, o cumprimento da ordem judicial tende a gerar um precedente importante para casos semelhantes na região.
conflitos legais e a demanda por conciliação
A defesa tentou transferir o caso ao Sistema de Conciliação (Sistcon) do TRF4, que trata de forma integrada as ocupações nas margens da Lagoa da Conceição. No entanto, a proposta foi rejeitada com base no entendimento de que o contraditório já havia sido garantido e os parâmetros para adequação do imóvel estavam definidos.
Estima-se que centenas de ações semelhantes estejam pendentes, o que levanta questões sobre a capacidade da Justiça em lidar com o grande volume de demandas relacionadas à ocupação irregular. Giacomini mencionou que iniciativas como o Sistcon buscam otimizar o andamento de processos, mas no caso específico do Restaurante Oliveira, a conciliação prévia não surtiu efeito.
dados técnicos reforçam a gravidade da situação
Relatórios ambientais sobre a Lagoa da Conceição demonstram que construções irregulares afetam diretamente a qualidade da água e a fauna local. Um estudo publicado pela Universidade Federal de Santa Catarina aponta que o aumento de áreas impermeáveis reduz a capacidade de infiltração de água no solo, exacerbando problemas como alagamentos e o acúmulo de poluentes.
Dados técnicos corroboram a importância de um controle rigoroso sobre áreas de preservação permanente. Estudos indicam que cada metro quadrado de APP degradado pode levar décadas para se regenerar naturalmente.
demolição na Lagoa da Conceição como exemplo jurídico
O caso do Restaurante Oliveira não se limita a um impacto ambiental. A decisão judicial estabelece um precedente relevante para ocupações irregulares em áreas costeiras. Em Florianópolis, onde o crescimento urbano frequentemente desafia limites ambientais, decisões como essa reforçam a necessidade de maior fiscalização e controle.
- Resumo das construções e irregularidades:
- Edificação original licenciada: 168 m²
- Ampliação clandestina: 184 m²
- Área total construída: 352 m²
- Distância da margem da Lagoa: menos de 15 metros
- Ocupação de APP e terreno de marinha.
A repercussão da sentença evidencia um dilema recorrente entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Construções em áreas sensíveis muitas vezes resultam em benefícios para poucos, enquanto os impactos são sentidos por toda a comunidade.
restauração ambiental e o futuro da Lagoa da Conceição
A recuperação da área degradada pode representar um marco na revitalização da Lagoa da Conceição. Organizações ambientais locais destacam que ações desse tipo não apenas corrigem irregularidades, mas também trazem benefícios tangíveis para a qualidade de vida da população.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o turismo e as atividades econômicas na região dependem diretamente da preservação ambiental. A recuperação das margens da Lagoa não apenas reestabelece o equilíbrio ecológico, mas fortalece a vocação sustentável de Florianópolis como destino turístico de referência.

