A destinação da Penitenciária da Agronômica tornou-se o centro de um debate promovido pelo movimento Floripa Sustentável, que busca redefinir os 170 hectares da área desativada. Com a participação de autoridades como o prefeito Topázio Neto e o secretário estadual Paulinho Bornhausen, o encontro destacou a importância de integrar esse espaço às necessidades da cidade.
O evento reuniu especialistas e representantes da sociedade para discutir como a destinação da Penitenciária pode transformar a área em um polo cultural, esportivo e de lazer. As ideias apresentadas sugerem um projeto colaborativo que une governança pública e iniciativas privadas.
Destinação da Penitenciária como motor de transformação urbana
A transformação da área da Penitenciária Agronômica insere-se no contexto de grandes projetos urbanos, buscando integrar bairros adjacentes como Agronômica e Itacorubi. O ambientalista Ike Gevaerd destacou a conexão estratégica com o Parque do Mangue do Itacorubi e o Estuário Fritz Müller, reforçando o potencial ecológico do espaço. Dados da Biosphera Ambiental indicam que áreas de mangue podem armazenar até cinco vezes mais carbono do que florestas tropicais, o que coloca a preservação ambiental como um eixo essencial para o projeto.

O prefeito Topázio Neto enfatizou que a cidade deve participar ativamente na decisão do futuro dessa área. Propostas como uma Cidade da Cultura e o incentivo à economia criativa surgem como alternativas que podem trazer impactos sociais e econômicos positivos, consolidando Florianópolis como referência em sustentabilidade e inovação.
Planejamento urbano e o impacto do novo plano diretor
Sob a ótica do novo Plano Diretor de Florianópolis, aprovado em 2023, o secretário Michel Mittmann abordou como os instrumentos urbanísticos podem potencializar o aproveitamento da área. As Áreas de Desenvolvimento Incentivadas (ADIs) previstas no documento oferecem incentivos fiscais e logísticos para projetos que contemplem habitação social, mobilidade urbana e sustentabilidade.

Esse espaço representa a última fronteira entre o mangue e o morro, segundo Mittmann. A compactação e centralidade propostas buscam evitar o espraiamento urbano e promover uma ocupação equilibrada. Estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cidades com maior densidade tendem a oferecer melhores serviços públicos e menor impacto ambiental.
Cidade da Cultura: um projeto para além do entretenimento
A proposta de transformar a área em uma Cidade da Cultura contempla equipamentos culturais, esportivos e de lazer, conectados ao conceito de economia criativa. Segundo Paulinho Bornhausen, a cultura pode definir o futuro de Florianópolis, potencializando talentos locais e gerando empregos. Dados da UNESCO indicam que a economia criativa cresce a uma taxa de 6% ao ano em nível global, tornando-se uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento econômico.
Ao associar cultura e sustentabilidade, o projeto busca valorizar a identidade local e criar um ambiente inclusivo para a população. A inclusão de espaços para apresentações artísticas e eventos esportivos reforça o papel da área como um ponto de integração social.
Mobilidade e sustentabilidade como pilares fundamentais
A interligação entre os bairros Agronômica e Itacorubi surge como um dos desafios do projeto. A proposta de criar uma rota de mobilidade sustentável, ligando o Parque do Manguezal a áreas importantes da cidade, reflete a busca por soluções que priorizem pedestres, ciclistas e transporte público.
Estudos da World Resources Institute (WRI) mostram que cidades que investem em infraestrutura para mobilidade sustentável registram até 30% de redução nos níveis de emissão de carbono. A aplicação desses conceitos na destinação da área pode alavancar Florianópolis em rankings internacionais de cidades sustentáveis.
Habitação social e o desafio da equidade
Outro ponto levantado no debate refere-se à inclusão de habitação social na área. A Política Integrada de Interesse Social, destacada por Mittmann, pode garantir moradias acessíveis, promovendo diversidade e evitando processos de gentrificação. Estudos do Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) sugerem que misturar habitações de diferentes classes sociais fomenta a coesão comunitária e reduz desigualdades.
A experiência de outras cidades brasileiras, como Curitiba, que incorporaram habitação social em grandes projetos urbanos, revela que investimentos nesse setor são capazes de gerar retornos a longo prazo, incluindo maior segurança e melhores indicadores de qualidade de vida.

